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Norma Gatto: Uma bela referência para o agro

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Quando o agronegócio de Mato Grosso nem imaginava que a produção de commodities podia ser algo também de mulher, ela surgiu em meio à atividade. De uma hora para outra, a produtora rural Norma Rampelotto Gatto teve de assumir os negócios da família, aprender a lidar com a terra e a produção e encarar os desafios da agricultura comercial. Hoje ela é exemplo no agro brasileiro como uma mulher que desbravou uma atividade até então dominada por homens e de superação. 

Nascida na cidade de Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul, Norma se casou em 1979 e no mesmo ano se mudou com o marido, Adroaldo Gatto, para a cidade de Rondonópolis, a fim de tocar a fazenda que eles tinham comprado no município de Itiquira. O Rio Grande do Sul estava saturado para a produção agrícola, sendo formado por pequenas propriedades e famílias numerosas. Seu pai Benjamim e depois eles vieram expandir os negócios, comprando áreas maiores. 

A agricultura estava começando a se desenhar em Mato Grosso, sendo que Adroaldo foi um dos primeiros a plantar soja na região. Ao chegarem plantaram primeiro arroz e depois introduziram a oleaginosa. Até então, Norma exercia o papel de mãe e cuidava dos três filhos, não entendia nada do plantio comercial. Tudo isso mudou com a morte do marido no ano de 2000. “Nunca tinha imaginado em tomar conta dos negócios. Imaginava que ia ser um negócio de pai para filho”, lembra. 

No começo, foi muito difícil. Um desafio imenso! Norma era a única mulher no agro em toda a região e teve que enfrentar a total falta de informações sobre a parte técnica do plantio de soja. O tempo foi passando e ela, em meio aos homens, foi se qualificando, buscando informações e participando de todos os eventos possíveis. Os filhos estavam na faculdade e somente puderam ajudá-la na sequência. 

Atualmente toda a família cuida dos negócios envolvendo soja, milho e gado. Na verdade, os filhos estão à frente das atividades e Norma está mais tranquila. Ao longo dos anos, eles foram ampliando a área. Com o tempo, ela foi se tornando também uma liderança e influência no agronegócio da região. Nos últimos anos, passou a ser convidada para ministrar palestras motivacionais para mulheres em várias partes do Brasil. 

Hoje com 63 anos de idade, Norma já fez palestras em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e vários estados, mostrando que as mulheres podem estar à frente dos negócios no campo. Nessa trajetória, recebeu muitas mensagens de agradecimento pela postura de incentivar as pessoas, especialmente as mulheres, a avançarem e saberem que é possível superar os desafios da vida. 

Em 2021, Norma foi eleita pela Revista Forbes como uma das 100 mulheres brasileiras “mais poderosas do agro”. E ela quer continuar aprendendo, melhorando, ensinando e transmitindo aquilo que sabe e conquistou. “O mundo não é feito de uma pessoa só. Querer o bem de todos e transmitir o conhecimento é fundamental. Assim como eu cresço todo mundo tem que crescer também. Falo sempre que o crescimento exige dedicação imensa, extrapolar limites para conquistar”, ensina. 

Para não desistir em meio às dificuldades, atesta que pensar no futuro da família, em ser exemplo para os filhos, foi fundamental. “A vida não é fácil, a minha foi muito difícil. Mas falo que Deus me ajudou muito, me conduziu pelas dificuldades. Hoje estamos aqui graças a Deus, com filhos que dão exemplo, são trabalhadores, dedicados. Isso mostra que todo o trabalho e o empenho valeram muito a pena”, avalia.

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