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A força da indústria em Rondonópolis

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O setor industrial é uma das alavancas da economia de Rondonópolis. Ainda que voltada em grande parte para processamento de produtos agropecuários, a indústria rondonopolitana é destaque em Mato Grosso. Atualmente, números de estatísticas variadas mostram a indústria de Rondonópolis como a segunda mais forte do Estado, perdendo apenas para a indústria de Cuiabá.

Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, um de cada sete empregos gerados em Rondonópolis vem do setor industrial. A cidade tem um total de 70.390 empregos formais (com carteira de trabalho), considerando todos os setores. Desse total, 10.045 empregos são provenientes das suas indústrias. O Caged mostra que a cidade do Estado que mais emprega no setor industrial é Cuiabá, com 17.836 empregos formais no setor, seguido de Várzea Grande, com 12.180 empregos formais, e depois de Rondonópolis.

O valor da produção da indústria de Rondonópolis, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de R$ 3,715 bilhões. Isso significa quase um terço do total de riquezas produzidas pelo município, que tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 12,850 bilhões. O segmento econômico mais importante em Rondonópolis é o de serviços e comércio, com um PIB de R$ 5,530 bilhões. O valor da produção da indústria de Cuiabá é o maior do Estado, com R$ 3,928 bilhões – mesmo assim um pouco maior do que o de Rondonópolis. O PIB do setor industrial de Rondonópolis é o 76º maior do Brasil.

indústria em Rondonópolis tem muito espaço para expandir ainda. Secretário de Desenvolvimento Econômico
do Município, Alexsandro Silva.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Município, Alexsandro Silva, observa que o processo mais expressivo de industrialização de Rondonópolis começou com as antigas Ceval e Sadia, hoje, respectivamente Bunge e ADM, tendo como foco a industrialização da soja produzida no Estado. Em um movimento natural, atesta que o setor de serviços caminha de forma mais acelerada, mas, mesmo assim, a indústria local segue com seu protagonismo. Nisso, afirma que a ADM tem em Rondonópolis sua maior unidade esmagadora de soja do mundo e a Bunge possui na cidade sua maior planta industrial de processamento de soja na América do Sul.

Alexsandro aponta que as processadoras de fertilizantes são outro destaque da indústria local. Inclusive, neste fim de junho, informa que Rondonópolis recebeu mais uma fábrica desse segmento, no caso a Iterum, que ocupou o espaço da fábrica da Península, no Distrito Industrial Vetorasso.

“Rondonópolis é a cidade que mais importa fertilizantes em Mato Grosso. Tudo que vem dessa área do Porto de Santos chega aqui e depois é distribuída para todo o Estado. Uma empresa muito forte nessa distribuição é Ono (antiga JM Link), no terminal ferroviário”, repassa.

O setor de frigoríficos também é considerável na indústria local, com três unidades em atuação. O secretário diz que os frigoríficos locais tem uma capacidade de abate diária de cerca de 1.500 animais, sendo a unidade mais destacada da empresa Agra, localizada junto à BR-163 e considerada uma das principais exportadoras do Estado. Apesar de responder por menos de 4% do PIB, a agricultura, segundo o secretário, acaba influenciando nos demais segmentos. “Rondonópolis é a cidade onde ocorre a tomada de decisões do agronegócio, onde estão baseadas as principais tradings, principais indústrias de soja, os grandes prestadores de serviços”, avalia Alexsandro.

Como fortalecer o setor industrial?

Uma das grandes cobranças nos últimos anos tem sido por uma política mais forte e atrativa para vinda de novas indústrias para a cidade de Rondonópolis. Isso considerando que o município não recebeu nenhuma grande indústria que impactasse significativamente a sua economia nos últimos anos.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico do Município, Alexsandro Silva, a indústria em Rondonópolis tem muito espaço para expandir ainda, considerando que há setores desassistidos dentro da demanda local. Ele exemplifica dizendo que a fabricação e manutenção de dormentes da ferrovia é feita em São Paulo e Piauí, tendo condições de ser realizada aqui. Da mesma forma, aponta que a cidade comportaria a produção de paletes.

Outra demanda que poderia incrementar a indústria em Rondonópolis, segundo o secretário, reside na sua considerável frota de caminhões, uma das maiores do Brasil. O setor de veículos pesados, que tornou a cidade conhecida como “capital do bitrem”, poderia absorver indústrias voltadas a fabricar produtos e peças para caminhões e carretas. “Muitas vezes, os incentivos e vantagens para Mato Grosso receber indústrias são desconhecidos”, pondera.

Alexsandro aposta no crescimento industrial de Rondonópolis especialmente pelas suas vantagens logísticas. Esse diferencial, inclusive, é um dos trunfos da Prefeitura para tentar atrair a Moinhos Anaconda, que pretende construir sua primeira fábrica de trigo em Mato Grosso. Rondonópolis e Primavera do Leste estão na disputa pelo investimento.

Um grande objetivo da gestão econômica do Município é conseguir atrair algum investimento na área de produção de etanol de milho, hoje a grande sensação para movimentação econômica e de impostos em muitas cidades mato-grossenses. Para isso, está em conversações especialmente com a FS Bioenergia e Inpasa.

Os principais segmentos da nossa indústria

A indústria de Rondonópolis é baseada na chamada agroindustrialização, com foco no processamento de produtos agropecuários. Apesar disso, há algumas unidades que mostram um começo de diversificação nesse processo, como de bebidas, embalagens e confecções.

Vale informar que, atualmente, o município conta com cinco distritos industriais, incluindo o complexo do terminal da ferrovia e o minidistrito de Vila Operária. Veja, a seguir, as principais atividades da indústria rondonopolitana:

FERTILIZANTES

A localização estratégica ajudou Rondonópolis a se consolidar nas indústrias de fertilizantes. Esse diferencial facilita o ingresso da matéria-prima e o escoamento da produção. O material é importado e chega especialmente pela ferrovia. De Rondonópolis, o fertilizante é escoado para as fazendas de Mato Grosso e outras regiões.

Rondonópolis possui indústrias de vários segmentos em atuação

As fábricas com atuação em Rondonópolis também impulsionam a importação de bens, fazendo com que o município se mantenha como o maior importador de Mato Grosso, tendo como principais itens adquiridos os insumos utilizados na composição de fertilizantes/adubos e produção agrícola.

Entre as empresas do ramo com fábricas em Rondonópolis estão a Mosaic, Fertipar, Yara do Brasil, Araguaia, Andali, Rankig Adubo Foliar, Ono (Jm Link) e Iterum. A planta local da Fertipar Mato Grosso é uma das maiores empresas do Brasil em volume de vendas.

BIODIESEL

Rondonópolis é um importante centro produtor de biodiesel, com destaque para a fábrica da ADM, apontada como a maior planta desse segmento do país. As empresas Cofco, no terminal ferroviário, e Caibiense, no Jardim Rui Barbosa, são outras produtoras de biodiesel na cidade. A Cofco, inclusive, é a única esmagadora de soja e produtora de biodiesel no terminal ferroviário. Há ainda a Aliança, uma das mais recentes usinas de biodiesel.

DIVERSIFICAÇÃO

No setor de bebidas, a principal unidade é a fábrica da Cervejaria Petrópolis, na BR-163, saída para Campo Grande. Com importante peso na formação do Valor Adicionado de Rondonópolis, sendo importante geradora de ICMS, a unidade pertence a um grupo que entrou com pedido de recuperação judicial recentemente, causando preocupação.

A produção de rótulos e embalagens plásticas também chama a atenção na indústria local, principalmente com uma grande unidade da Bemis (antiga Dixie Toga), próximo ao parque de exposições. Nessa mesma área, a cidade possui a Artflex.

Na área têxtil, o setor tem hoje a TBM Textil, em frente ao Aeroporto Municipal, com produção de fios. As pequenas indústrias de peças íntimas e uniformes do município também viraram tradição, com dezenas de confecções formalmente estabelecidas.

A indústria local é composta ainda por empresas na área de alimentação, big bags, fundição, gráficas, beneficiamento de arroz e café, metalúrgica, equipamentos para agricultura e pecuária, artefatos de concreto e fibrocimento, limpeza, carrocerias, móveis, entre outros.

NUTRIÇÃO ANIMAL

A área de produção de rações animais em Rondonópolis é referência para grandes produtores de Mato Grosso, além de gerar emprego e renda localmente. Fábricas destacadas atuam nesse setor na cidade, como Coperphós, Nutripura, Agroceres Multimix, Nutriphós, Suprenorte, Zootec, Nutrideal e MJ Nutrição.

PROCESSAMENTO DE SOJA

A maior unidade de industrialização de soja da Bunge no Brasil está em Rondonópolis. A unidade local concentra processamento de algodão e de soja, além de refinaria e envase de óleo vegetal. Mais uma grande fábrica nesse ramo em Rondonópolis é da ADM, com plantas de processamento de soja, de produção de biodiesel, glicerina e ácidos graxos. A Cofco Agri (antiga Noble) também tem uma planta de esmagamento de soja em Rondonópolis, sediada no terminal ferroviário, onde também tem uma fábrica de biodiesel.

CARNES

O setor de frigoríficos e abatedouros de carne bovina é outro destaque industrial, com ênfase para a Agra Agroindustrial, às margens da BR-163, na saída para Campo Grande (MS), que possui grande atuação na exportação de carnes. O FrigoEstrela, na saída para Campo Grande, na BR-163, também realiza exportações. Em uma escala menor, a cidade também possui o Frigorífico Rondonópolis, na zona rural.

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