A família Neves, liderada pelo patriarca Nei Neves da Silva, é hoje uma das grandes referências em pecuária de corte na região de Rondonópolis. É uma história que iniciou a partir de professores concursados, que ingressaram no setor empresarial e, a partir daí, consolidaram sua marca na pecuária com grande sucesso, sendo sinônimos atualmente de inovação, busca por qualidade e produtividade no campo.
O casal Nei Neves e a esposa Neusa Neves da Silva saíram do interior de São Paulo, onde eram professores concursados, e vieram tentar uma vida melhor em Mato Grosso. Vieram em 1977 no intuito de tocar uma distribuidora de bebidas, a Tarumã, que por 20 anos atuou e fez grande sucesso como representante da marca de cervejas Skol.
Junto com a atividade empresarial, a família decidiu entrar na vocação da região, a agropecuária, comprando inicialmente uma propriedade rural, que depois foi vendida por ser um pouco distante. Com isso, compraram a tradicional Fazenda Talismã, bem perto da área urbana de Rondonópolis, na saída para Pedra Preta (MT).
O ingresso na pecuária se deu no final da década de 1980 e o gosto pelo gado foi só aumentando. No começo, a aposta era na criação de gado de elite, da raça europeia Simental, visando fomentar o melhoramento genético. Contudo, logo viram que o caminho era o gado de corte, produzir o boi para o frigorífico. O negócio começou com 200 cabeças de gado e foi crescendo paulatinamente.
O casal teve quatro filhos: a Fernanda, o Fábio, o Gustavo e o Eduardo. Mas foi o Fábio Luiz Neves Silva, que se formou em Zootecnia em 1993, que tomou gosto pela criação do gado e assumiu os negócios da família nessa área de pecuária, procurando sempre estar alinhado aos avanços produtivos e de criação do gado.
Conforme Fábio Neves, nesse meio tempo, chama a atenção a evolução no ganho de peso e idade de abate dos animais. “Tudo ficou mais rápido. O animal fica menos tempo no pasto, menos tempo no cocho e surgiram novos alimentos, entre eles o DDG, um subproduto obtido da extração do etanol de milho, que é mais eficiente, engorda o animal mais rápido e gera maior rendimento de carcaça”, observa.
Nesse cenário, Fábio explica que a profissionalização e o acompanhamento das inovações alimentares foram sempre perseguidos. Com o tempo, a família também foi comprando outras propriedades rurais e hoje somam seis no geral, todas na região sul/sudeste do Estado. Nelas, se dedicam a recria e engorda do gado, comprando bezerros e vendendo boi gordo.
A maioria das propriedades rurais da família se dedica à recria do gado, sendo que a Talismã, mais próxima a Rondonópolis, se dedica à terminação, com um pouco de animais no sistema de semiconfinamento e a maioria no confinamento. Em breve, a Fazenda Jaçanã também vai passar a centralizar o confinamento do gado das propriedades.
O aperfeiçoamento alimentar, com assistência técnica e consultoria, também ajudaram na rapidez do ganho de peso, na redução do tempo de abate e no aumento do rendimento por carcaça. “Hoje a gente mata animal com 23 a 24 arrobas em no máximo 30 meses de idade. E antigamente, com 30 meses, é que a gente começava a pensar em engordar o animal. O custo de produção também aumentou e a gente tem que ser mais eficiente para acompanhar o mercado”, avalia.
As fazendas do grupo hoje contam com mais de 50 colaboradores e garantem o abate de quase 10 mil animais por ano, possibilitando uma regularidade de abate, tanto de quantidade de animais como por período de tempo. Visando ganhos competitivos, participam de um pool de vendas, juntamente com uma associação de produtores, atendendo frigoríficos da região e de São Paulo.
Fábio diz que o grande mercado comprador da carne brasileira atualmente é a China, mas que exige em contrapartida animais mais jovens, de até 30 meses. “Nossos animais também devem ser todos rastreados, para que possam saber de onde vieram, sua alimentação, os remédios e adoção de boas práticas e de bem-estar animal”, observa.
Uma das ponderações atuais é quanto a atual fase do mercado pecuário nacional, com um momento de baixa. O produtor conta que, em menos de um ano, o preço da arroba do boi caiu quase 50% e os insumos agora que começaram a cair de preço. Diante da volatilidade, atesta que o jeito é se adequar a realidade, buscando o máximo de eficiência, para superar esse momento delicado no setor.
Em 1997, quando a Tarumã deixou de atuar em Rondonópolis, os irmãos Gustavo e Eduardo passaram a tocar uma distribuidora de bebidas em Juiz de Fora (MG). Fernanda se casou com Júlio, filho do empreendedor Aureo Candido Costa, que ajuda a administrar as fazendas do marido e sogro. O pai Nei Neves seguiu nos trabalhos rurais até 2017, quando junto com a esposa se mudou para o Rio de Janeiro (RJ), para curtir a aposentadoria.
Fábio, por sua vez, continua representando os negócios pecuários da família. Casado com Ana Flávia, filha do tradicional pecuarista Antônio Aguiar, eles tiveram dois filhos: a arquiteta Heloísa, que atua em Rondonópolis e São Paulo, e o filho Fernando, que está cursando Agronomia e caminha para continuar com a administração das fazendas.
Nessa trajetória, Fábio conta que a família acompanhou todo o crescimento de Rondonópolis, cidade pela qual tem grande gratidão, justamente por terem feitos aqui grandes amizades e de onde partiram para formar todo o patrimônio na região. Inclusive, atesta que quer continuar e manter suas bases na cidade. “Sou grato a Rondonópolis e espero acompanhar esse crescimento ainda por muitos anos. A gente quer continuar crescendo com a cidade”, atesta.